Feliz ano novo, estrelando Maya Erskine!
Ou neste Baião-de-Dois: Sr. e Sra. Smith (série) e Samurai de olhos azuis (série animada)
Olá, olá!
Finalmente começou 2024! São quase meio dia e eu aqui pensando no primeiro almoço dessa semana minúscula pós-carnaval. Pra ajudar a engatar nos textos deste ano, escrevi sobre duas indicações de série.
Na série de textos Baião-de-Dois, indico dois produtos legais unidos por alguma particularidade. A atriz Maya Erskine é o que dá liga ao nosso feijão com arroz de hoje.
Sr. e Sra. Smith (série, 2024)
Em 2005, o cineasta Doug Liman jogou no cinema um filme com o casal mais badalado do momento: Brad Pitt e Angelina Jolie. Em Sr. e Sra. Smith, os atores interpretaram dois espiões casados que trabalhavam em agências rivais sem saber. Dado momento, os segredos caem e as DRs dos casal acontecem entre balas e explosões. Embora tenha sido um sucesso comercial na época, o filme era só mais um filme de ação, o que não seria suficiente para que eu ficasse empolgado quando anunciaram uma série baseada nele. Acontece que a primeira notícia sobre essa nova produção colocava como casal principal ninguém menos que Donald Glover e Phoebe Waller-Bridge, que iriam atuar e escrever os episódios. O primeiro, além de ator e criador da premiadíssima série Atlanta, acumula outros bons momentos no entretenimento mundial, incluindo a série Community (#sdds) e sua carreira musical como Childish Gambino (da sensacional This is America). A segunda é ninguém menos que a atriz e roteirista das ótimas Crashing e Fleabag (essa segunda, recomendação máxima dessa newsletter). Não deu tempo nem de se empolgar com essa escalação dos sonhos, já que a Phoebe anunciou sua saída do elenco pelas famosas “diferenças criativas”. Para o seu lugar foi anunciada a atriz norteamericana de ascendência japonesa Maya Erskine, dubladora de animações e atriz mais conhecida por ter criado e atuado na série PEN15. Na nova versão de Sr. e Sra. Smith, Maya não dá tempo de sentirmos falta de Phoebe. Diferente do filme, acompanhamos um casal que se candidata a uma agência de espionagem que os coloca numa situação em que têm que executar missões enquanto vivem um casamento falso. Ou seja, ambos trabalham juntos e sabem que são espiões. Eu não vou dizer mais nada, porque o mais legal da série é entrar na montanha-russa de imprevisibilidades que o roteiro traz episódio a episódio. Pela sinopse e qualquer trailer que você assistir, vai saber que o falso casamento começa a virar relação de verdade e, óbvio, uma relação entre espiões não será algo tão fácil assim de se manter. A série é filmada de uma forma muito parecida com Atlanta, com um ritmo que mais lembra uma série dramática do que um produto de ação. Os diálogos são cheios de improviso e em muitos momentos você sente que deixaram as câmeras ligadas para que Glover e Erskine brilhassem, em suas longas conversas de casal, salpicadas aqui e ali por sequências de ação (elas estão lá, mas preciso avisar que, diferente da versão do cinema, não são o foco da coisa toda). É como assistir Antes do amanhecer, sendo que aqui o casal está perigosamente armado. Amei.
Sr. e Sra. Smith está disponível no Prime Video.
Samurai de olhos azuis (série animada, 2023)
Mas vamos lá, talvez você curta ação desenfreada e quisesse, por exemplo, que a nova versão de Sr. e Sra. Smith fosse mais “agitada”, digamos assim. Então vou tentar outro produto da Maya Erskine pra você. Como eu disse antes, a atriz tem um longo currículo como dubladora de animações. Foi no final do ano passado que eu fui confrontado por indicações de vários amigos de uma das animações das quais ela participa: Samurai de olhos azuis. Apesar da estética anime e embora conte uma história que se passa no Japão do século XVII, a série animada foi feita nos Estados Unidos (o que sempre me deixa com uma pulga atrás da orelha). Acompanhamos Mizu, um samurai “impuro”, nascido no Japão, mas que também carrega sangue ocidental em suas veias. Os olhos azuis são o elemento que entrega a mistura pela qual ele foi criado e que faz com ele seja perseguido desde a infância como um monstro. É claro que tudo isso é motivo suficiente para alimentar em Mizu um sentimento de vingança, especialmente pelos únicos quatro ocidentais no Japão daquele momento, que havia se fechado para relações internacionais. Por fora, a animação é isso, motivação suficiente para fazer um guerreiro acima do nível cortar partes dos oponentes das maneiras mais brutais que você possa imaginar em nome da vingança. Mas tem algo mais na série animada, que aproveita esse pano de fundo para falar sobre violência de gênero, especialmente no trato às mulheres no Japão da época. Poucas animações que vi na vida colocaram tanto o sexo como tema principal, como essa, sem transformar a série em erótica ou qualquer coisa parecida. Só por isso, Samurai de olhos azuis já mereceria sua atenção. E, como na indicação anterior, vou parar de falar sobre a trama por aqui, porque quanto menos você souber sobre a história, mais vai se surpreender. Inclusive, evite trailers e a sinopse da Netflix, que deve ter tirado o impacto da grande surpresa do primeiro episódio de muita gente (felizmente não aconteceu comigo). Samurai de olhos azuis é uma produção muito bonita de se ver, com bela fotografia e trilha sonora. Embora não seja um anime meeeesmo e seja construída usando animação digital (que às vezes gera umas produções bem toscas), na maior parte do tempo tudo funciona muito bem, embora tenha ali seus exageros comuns nesse gênero de história e desperte um sentimento de que poderia ser mais curta. Mesmo com apenas 8 episódios, houve uma opção dos criadores de trabalhar com episódios com 50 minutos em média, algo incomum para séries animadas, normalmente com no máximo 30 minutos (mesmo as dramáticas). Mas vá lá, o mestre de Mizu diz desde o início que a boa espada também precisa de impurezas, então mesmo as que existem nessa animação não vão fazer você conseguir parar de assisti-la. Se gosta de uma boa ação, pode cair pra cima com tudo.
Samurai de olhos azuis está disponível na Netflix.
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Leia os “Baião-de-Dois” anteriores:
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Um abraço,
Zé Wellington
estou querendo muito ver o Samurai de olhos azuis